O meu quarto é um quadrado perfeito, mas só em sua arquitetura. As imperfeições se encontram nas pequenas coisas, na bagunça cuidadosamente desajeitada da cama, no caos dos livros e papéis espalhados pelo quarto, em mim.
O quarto tem a cama de casal, a cômoda, a estante de livros, o guarda-roupa, a mesa do computador e o armário embutido. Há uma ou outra coisa avulsa que compõem a hormonia caótica desse cômodo, mas nada que deva ser ressaltado. E essa "zona", geralmente, reflete minha cabeça.
Como? Bom... Digamos que toda a bagunça, desordem e caos tem um propósito. Todo o estudo que faço, que me foco e me empenho se espalha pelo quarto. Tenho papéis com anotações linguísticas, na verdade abstrações, no guarda-roupa e dentro de porta-jóias. Mas não só de estudo vivo.
Vivo de tantas sensações. Mas como me disseram tantas vezes, sou fechada e não permito, com tanta facilidade, que se aproximem de mim. E isso está ali, no mancebo cheio de roupas, na cadeira zoneada, no armário revirado, nos livros empilhados. Essas sensações, emoções são tão fortes que ficam guardadas em suas formas físicas e só não vê quem não quer.
Há tantas formas de mostrar isso, mas só meu quarto consegue ser tão claro. Pois não importa o quanto eu fale, grite ou escreva nada se compara com o visual escancarado que eu permito que minha vida fique.
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