domingo, 4 de novembro de 2012


O espaço entre o trem e a plataforma é inexistente quando se trata de Estação Sé às seis da tarde. Aliás, nesse horário não há espaço naquele lugar! Todo metro quadrado é tomado por um batalhão de pessoas com os mais variados destinos. E a única certeza que se pode ter é que esse é o ponto de encontro que a cidade de São Paulo escolheu, quer dizer, decretou como único e supremo. E nessa supremacia toda, todos se suprimem, ficam espremidos, sufocados, doloridos e com uma vontade enorme de matar o filho da puta vossas costas para dentro do vagão.

Caso o inferno exista, um de seus portais é aberto pontualmente às cinco e meia da tarde, porque tem que encher a plataforma e causar o caos, de segunda a sexta feira nessa bagaça de metrô. E o pior é que o sofrimento não vai acabar quando você entrar no vagão, ó tão sonhado vagão, ele vai piorar!

Imagina que a chegada do metrô na plataforma é como jogar na Mega Sena, ou melhor, jogar Truco. Você precisa ter sorte, pra chegar um vazio, muita manha, pra conseguir um lugar sentado, e ser bom de blefe, pra poder mentir pra si mesmo que aquele desgraçado atrás de você não te empurrou e/ou não está te encoxando.

Ok, muitas vezes não é possível ser um exímio jogador na arte do metrô, principalmente na Sé. Pois quanto mais o metrô se aproxima da plataforma mais o clima de tensão aumenta e é só abrir as portas que é cada um por si! É declarada guerra, vale tudo, Pride, MMA, treta, salve geral, chame do que quiser, mas só lembre-se de levar a mochila/bolsa na frente do corpo, cuidado com o celular, olha a mão boba, libera o banco preferencial, malandrão, e comece a entoar um mantra pra relaxar, logo você chegará ao seu destino final. Mas se empurrar leva xingo e se meter a mãe no meio leva um tapa na fonte pra dar sinal de ocupado até a próxima vida.

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