Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos é um poeta dos que eu mais admiro e leio. Suas obras são de extrema dificuldade de classificação, pois tem um pouco de simbolismo, expressionismo, parnasianismo. Um poeta muito crítico, talvez um dos mais críticos do seu tempo.

Nascido em Sapé, Paraíba ele teve influências de Herbert Spencer, Arthur Schopenhauer e até mesmo da Bíblia Sagrada. Influências que o fizeram entender toda uma filosofia que estava fora do contexto onde nascera, para Augusto isso seria a demonstração de uma realidade que estava acontecendo ao seu redor naquele momento.

Mas o que eu mais gosto desse cara é que ele se dedicou a profissão de professor*--*. Ele se formou professor e mesmo depois de ingressas a Faculdade de Direito(não lembro se ele terminou) ele continuou como professor e morreu como diretor de uma escola em Leopoldina, Minas Gerais.

E agora o meu poema favorito dele, Versos Íntimos. Não vou dar o meu parecer sobre o poema, vou deixar você, caro leitor, fazer isso. Até porque cada um tem uma maneira de pensar ;*

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!