Em um quarto pequeno, escuro e abafado ela está sentada. As janelas estão embaçadas, a cama desarrumada, o computador ligado, o armário com as portas abertas. Dentro do armário seu mundo é exposto. Sua bagunça organizada ao seu modo onde ninguém toca. Ela continua sentada. A cômoda tem mil coisas espalhadas em cima dela e as três gavetas abertas e completamente reviradas. O espelho está virado pra parede e há algo escrito nele. Ela ainda está sentada. Seus livros estão todos fora da estante, com diversas marcações e folhas no chão com escritos e citações dos livros bagunçados. No chão todos os seus cadernos estão espalhados, mas não só seus cadernos como também anotações em papéis avulsos, agendas e textos digitados. Ela permanece sentada. Sua porta e parede estão todas rabiscadas com frases aleatórias, algumas retiradas de livros de seus autores preferidos e outras criadas por ela mesma. Ela... ela continua sentada.
Ela está sentada no chão, em meio ao caos de seu quarto. Em suas mãos há um papel quem contém algumas poucas palavras. Ela aperta o papel com tanta força que parece que nele está a sua vida. Seus olhos estão perdidos em meio aos seus pensamentos. Seu rosto está baixo e com uma expressão de pensativa.
Agora mexe no papel e o lê baixinho, aperta-o contra o peito e levanta a cabeça. Está com um sorriso no rosto e um olhar diferente. Seu sorriso é de quem tem algo em mente, um sorriso de quem tem nas mãos o mundo. Seu olhar agora exala maldade e decisão. Num movimento abrupto se levantou, pegou sua mochila, foi até o armário e pegou algumas roupas, na estante juntou três ou quatro livros e colocou tudo dentro da mochila. Colocou-a nas costas e para não sair sem se despedir deixou o papel que estava em sua mão preso na porta, seguido dos dizeres “Não se preocupe! Eu volto, quando me realizar.” e partiu. Pra onde? Só ela sabe.
Andreza Maciel
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